quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Terceira noite do Festival Etnográfico traz religião, sabedoria popular e cultura de rua para as telas


A primeira parte da terceira noite do Festival do Filme Etnográfico do Recife foi dedicada às religiões e às crenças. Três filmes que abordavam tais temáticas de forma bem diferentes foram apresentados ao público em sequência. Foi os casos de A ciência encantada, Gisèle Omindarewá Peregrinos.

Primeira exibição da noite e também a mais intrigante, A ciência encantada apresentou ao público do festival os mistérios de uma crença presente no litoral sul da Paraíba e que é pouco conhecida. Com uma fusão de depoimentos, paisagens e imagens de rituais, o diretor Chico Sales conseguiu levar ao público um pouco da cosmologia e da mistura de crenças contida na "mágica" da Jurema Encantada, uma espécie de tradição que mistura cristianismo, religiões africanas, crenças indígenas e até feitiçaria para compor a "ciência encantada" que tanto falam os personagens.

O segundo filme da noite foi o longa Gisèle Omindarewá. O documentário de Clarice Peixoto nos traz a vida da francesa erradicada no país há décadas que pratica o camdoblé como mãe-de-santo. Com uma história impressionante, a própria Gisèle conta os episódios mais marcantes de sua vida e sua imensa paixão pela África e pela cultura africana. O filme também traz depoimentos interessantes das pessoas mais próximas de Gisèle; são falas dos 'filhos' do terreiro assim como dos amigos em Benin, na Africa.

O terceiro filme exibido na noite foi Peregrinos, de Adeilton Costa. O filme tem como temática a peregrinação de fiéis a cidade do Juazeiro do Norte, no Ceará. De forma a trazer à tona toda a aura da catarse religiosa, além do problema da pobreza presente na região, o filme procura retratar a vida de diversos personagens que praticam esse costume.

Toda qualidade de bicho é um curta de Angela Gomes e Cezar Moraes que expõe o artesanato por trás da cultura popular do Boi de Máscaras do litoral do Pará através da figura de Antonio dos Reis. Mais conhecido como “Mestre Dorrês”, o mestre artesão nos conta sua história e sabedoria além de revelar o drama da falta de pessoas no ramo.

Por último, Lá do leste, de Rose Satiko e Carolina Caffé, revela a realidade do maior complexo de conjuntos habitacionais populares da América Latina, o bairro de Tiradentes, no leste de São Paulo. De forma um pouco fragmentada, o filme procura relatar os problemas desse espaço através de falas de indivíduos residentes, assim como retrata a cultura de rua bastante presente. O hip hop, o rap e o graffiti misturados à religiosidade crescente montam o panorama do lugar.


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